Uma crise que permitiu que os especuladores ganhassem milhões


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Eugénio Rosa |
Um ministro que é também chefe de um dos partidos que apoia o governo que se demite apresentando, como uma das razões, o desacordo em relação à politica que estava a ser seguida e que diz que a sua posição é irrevogável e que pouco depois, dá o dito por não dito, e aceita, como vice 1º ministro, coordenar a execução da politica que pouco antes criticava e que o levara à demissão. E um 1º ministro, que aceita que as suas funções sejam esvaziadas, transformando-se assim num 1º ministro sem funções. E um governo que toma simultaneamente o compromisso de crescimento económico e de cortar mais 4.700 milhões € na despesa pública para satisfazer as exigências da “troika”, que é um mero instrumento dos interesses dos credores o que, a concretizar-se, impossibilitará qualquer crescimento económico e tornará a recessão económica mais profunda e prolongada. Esta situação surrealista dá bem uma ideia do estado de agonia a que chegou este governo e esta política que tem destruído a economia e a sociedade portuguesa. É um governo que tarde ou cedo vai implodir mas descontroladamente fruto das suas próprias contradições e antagonismos.
E foi tendo como base este pano de fundo que o presidente da República reuniu em Belém um conjunto de economistas escolhidos a dedo por ele, reunião que não trouxe nada de novo (foi mais do mesmo) e só serviu para justificar a continuação da politica atual com o argumento de que “em média, o encargo anual de juros e amortização da divida a partir de 2014 será de cerca de 18 mil milhões €”. Como isso fosse uma grande novidade e não fosse a consequência inevitável da politica que a “troika” e o governo PSD/CDS estão a impor ao país e que pretendem continuar.
Ficou mais uma vez claro com essa reunião a impotência e a incapacidade do pensamento económico único neoliberal dominante para resolver a crise Desde que a “troika” entrou em Portugal e o governo de Passos/Portas/Gaspar tomou posse, a divida Pública total aumentou, segundo o Banco de Portugal (Boletim Estatístico de Junho de 2013), de 190.102 milhões € para 246.284 milhões €, ou seja, em mais de 56.272 milhões €, tendo passado de 109,8% para 149,8% do PIB, (na ótica de Maastricht, que não inclui a totalidade da divida, subiu de 164.661 milhões € para 208.937 milhões €, i.é, de 109,8% para 113,6% do PIB). Portanto, é uma divida que, devido ao seu elevado montante e ao ritmo de crescimento, o Estado português não terá possibilidades de pagar na sua grande totalidade.
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